"Conspirador" Guilherme Araújo
Eremita
Numa noite indiferente,
saiu pra beber com o diabo
sem pressa, a cidade apodrecia;
da boca pra fora
pregava revolução
um dinheiro no bolso
nos olhos um cansaço.
Queria a paz mundial.
Queria um amor sincero.
Queria dignidade.
Queria quase nada.
Condenando o mundo ao abismo,
caminhava, como caminham os escolhidos,
caminhava, como caminham os iludidos,
falava em pretérito imperfeito.
Ninguém te salvará:
tempo demais pra passatempos
sonho demais pra acordar
boca demais pra saciar.
O diabo acendeu um cigarro.
Naquela esquina qualquer, uma qualquer
conversa sem rumo numa noite indiferente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário