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terça-feira, 13 de abril de 2010

Plantão do coração vazio - Série:"Memórias Póstumas de Um Falso Moralista ( ou Sobre a Intangibilidade Inerente) "

Plantão do coração vazio



Não há sobreviventes entre os escombros

no lugar que foi palco de tantos sonhos.

Não há sinal de vida

entre as ferragens. Corações retorcidos

pelo impacto invisível de desejos distorcidos.



Aqui jaz a esperança

entre promessas não cumpridas.

A queda em câmera lenta.

Desleixo implacável ferrugem.

Estilhaços que não se projetam.



Entre lençóis a roupa suja

lágrimas solitárias noites em branco.

Falando línguas diferentes

Com as mesmas palavras.



Essa coisa confusa que todos chamam de amor.

Procuramos qualquer imagem no caleidoscópio.

Insistimos em catalogar sensações.

O exercício fútil da retórica.



Como se o náufrago discutisse com o mar.

Seu mar um aquário.

Aranha presa na própria teia.

Demasiado humano, o poeta não se comove.



"Conspirador" Guilherme Araújo

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