Plantão do coração vazio
Não há sobreviventes entre os escombros
no lugar que foi palco de tantos sonhos.
Não há sinal de vida
entre as ferragens. Corações retorcidos
pelo impacto invisível de desejos distorcidos.
Aqui jaz a esperança
entre promessas não cumpridas.
A queda em câmera lenta.
Desleixo implacável ferrugem.
Estilhaços que não se projetam.
Entre lençóis a roupa suja
lágrimas solitárias noites em branco.
Falando línguas diferentes
Com as mesmas palavras.
Essa coisa confusa que todos chamam de amor.
Procuramos qualquer imagem no caleidoscópio.
Insistimos em catalogar sensações.
O exercício fútil da retórica.
Como se o náufrago discutisse com o mar.
Seu mar um aquário.
Aranha presa na própria teia.
Demasiado humano, o poeta não se comove.
"Conspirador" Guilherme Araújo
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