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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Sobre varandas que não me vestem (ou sobre o falso herói cintilante)

Sobre varandas que não me vestem (ou sobre o falso herói cintilante)

Descanso meus olhos no mirante
Que deixei de ser
Temendo ser eu um falso herói cintilante
ou um pequeno gigante sem espadas
Um cafezal sem flores
que, ainda verde, não eclode frutos.
Imaginando ser uma nota que dissonante
não entoa melodias.
Podendo ser ainda a relva que,
sem orvalho, não rega solo algum.
Seria eu a 'suassuna' fera estranha
Um dorso ilimitado de estranhas grades
Seria também aquele nervoso que Norato deu-se
A erguer poesia
O coração de Luzia de Azevedo
Ou a alcoólica letra de Bukowsk
Anotada minha distante aquarela
Minhas tintas que não se pintam
Lembro que minhas varandas
Já não me vestem
Descanso meus olhos no mirante
Que deixei de ser
No quarto que deixei de oferecer
Na cama que não fui
No amor que nunca senti

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