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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Homem-rio, rio-humano

Por trás daquele vento azul, o semblante de Jasú configurava simbiose. Com o natural, com o enigmático.

Homem pobre, que em sua jangada velejava valores!

Amor, respeito, sonhos, tudo isso embalado pela poeira do caos, que o levava rio abaixo todos os dias.

Por cima daquela superfície afogada, Jasú edificou sua história, sem glórias, mas sobretudo, bela.

Com passadas poéticas, sua existência percorria os remansos de águas calmas e doces, Jasú sentia nos pêlos a cumplicidade com o rio. O rio sentia em Jasu confiança para se deixar navegar, e assim, não o atormentava.

Em cada gota de suor que compartilhava com o rio, o jangadeiro assim estabelecia uma permuta que os tornavam não somente cúmplices, mas geneticamente, emaranhados.

O homem e o rio, o rio e o homem, o homem e jangada.

Por trás daquele vento azul, ele testemuhara a sonoplastia de um ecosistema que lhe pedia ajuda, agonizava. E sem poder juntar-se ao rio em remédio, Jasu padecia.

Anunciava no corpo sua tristeza.

Momentos gélidos.

Silêncio em meio a multidão do nada.

Jasú era homem-rio, era rio-humano.

E assim jasú virou água, desceu-se às algas.

Por cima daquele vento azul, Jasú relê suas fontes, remessas ao léu.

O homem-rio.

O rio-homem.

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